Aqui está uma distinção importante a ser feita na vida.

Algumas pessoas são inteligentes, mas não têm a menor esperteza. A capacidade delas de ter sucesso no mundo pode te surpreender negativamente.

Outros necessitam de inteligência, mas demonstram esperteza. E o potencial deles irá te surpreender positivamente.

Em raras ocasiões você conhece pessoas que são inteligentes e espertas. Mas acontece.

Eu definiria inteligência versus esperteza assim: pessoas inteligentes entendem detalhes técnicos, pessoas espertas entendem detalhes emocionais.

Ou talvez:

  • Inteligência: Boa memória, lógica, habilidades matemáticas, capacidade de fazer testes, seguir regras.
  • Esperteza: Alto grau de empatia, organização, capacidade de comunicação, persuasão, consciência social, compreensão das consequências de seus atos, capacidade de detectar bobagens.

Ambas são importantes. Mas há uma diferença crítica na forma como cada uma é avaliada.

As escolas são boas em ensinar e medir a inteligência, e é isso que as pessoas tendem a valorizar e a aspirar. Mas em quase todos os campos, a esperteza é o que é recompensado a longo prazo. Você não pode medir a empatia como faz com as pontuações do ENEM, então não é surpreendente que a inteligência receba mais peso em relação aos currículos.

Mas quem tem mais probabilidade de ter sucesso na vida – uma pessoa cuja principal habilidade é memorizar fórmulas ou alguém que consegue se identificar instantaneamente com as emoções de colegas de trabalho, clientes, cônjuges e amigos? É tão óbvio.

E é por isso que o mundo está cheio de inteligentes que não chegaram a lugar nenhum, e de estudantes medianos que tiveram dificuldades com o cálculo, mas continuam a viver vidas felizes e serem bem-sucedidos.

A decisão mais importante que a maioria das pessoas tomará é se, quando e com quem se casar. Mas isso nunca é ensinado nas escolas – como poderia ser? Você não pode resumir tudo em uma fórmula ou em uma resposta única. É uma decisão que requer muita esperteza e muito pouca inteligência. O ponto principal aqui é perceber que as pessoas não são planilhas. Eles são criaturas emocionais, hormonais, mal informadas, em busca de status e inseguras, tentando o seu melhor para sobreviver ao longo do dia. Portanto, se você tiver que escolher entre entender como o mundo deveria funcionar na teoria ou como ele realmente funciona na prática, incline-se para a última opção.

É como disse uma vez o historiador Will Durant: “A lógica é uma invenção do homem e pode ser que o universo a ignore”. Isso é tão esperto.

A inteligência inibe o espontâneo e te fecha em um mundo próprio

 

Aqui está um exemplo extremo.

Derek Thompson, do Atlantic, ressalta que o beisebol se tornou chato nos últimos 20 anos. Por que? Porque cada equipe se tornou inteligente: eles investiram em sua estratégia explorando dados para descobrir como obter o maior número de eliminações (que você pode ver no filme Moneyball, O homem que mudou o jogo). Se você quer ganhar jogos, essa foi a coisa inteligente a fazer! Mas isso tornou o jogo chato. Tirou parte da alma, parte da diversão. Se fosse no futebol, diríamos que tiraram os dribles dos jogadores, a criatividade. Agora o jogo está em uma crise com queda no interesse e na presença do público.

Aqui estão algumas outras características “espertas” que são difíceis de medir. Aceitar que pessoas que viveram vidas diferentes da sua querem coisas diferentes e verão o mundo de forma diferente. O que parecem ser debates muitas vezes são apenas pessoas com experiências vividas diferentes conversando entre si.

Henry Ford disse: “Se existe algum segredo do sucesso, ele reside na capacidade de compreender o ponto de vista da outra pessoa e ver as coisas do ponto de vista dela e também do seu”.

A pessoa puramente inteligente achará isto difícil de compreender, porque se pensar que existe uma resposta certa para cada problema, insistirá em debater mais até que o outro lado concorde consigo (uau!)

É preciso esperteza para aceitar que, para a maioria dos problemas do mundo, a resposta “certa” é aquela que melhor promove o seu bem-estar individual e se adapta à sua experiência de como o mundo funciona (isso evita problemas e te faz estar bem, mentalmente falando). E como cada pessoa tem necessidades e experiências diferentes, a única maneira de seguir em frente e realizar as coisas é tolerar e trabalhar com alguns pontos de vista, mesmo quando você discorda deles.

O resultado, se você conseguir fazer isso, é a habilidade de se dar bem com pessoas de quem você discorda. É indispensável. A consciência de que ser simpático não significa ser fraco – é na verdade uma estratégia para obter cooperação ao longo do tempo. (Ser simpático atrai pessoas)

 

A bondade como estratégia

 

O fundo hedge Long Term Capital Management estava em colapso em 1998, ameaçando derrubar toda Wall Street. Em resposta, 14 bancos de Wall Street intervieram para resgatar coletivamente o fundo e travar o pânico. Todos os grandes bancos participaram no resgate – exceto o Bear Stearns, cujo CEO Jimmy Cayne respondeu: “De jeito nenhum”, ao pedido. Ele manodu ver um hell no!

Dez anos depois, o próprio Bear Stearns estava no limite. E adivinhe quantos outros bancos de Wall Street estavam dispostos a ajudar Jimmy Cayne? Charlie Munger salientou uma vez que Benjamin Franklin não disse que a honestidade é a melhor moral – ele disse que é a melhor política. É o que vai te ajudar e te colocar na melhor posição, ganhando mais dinheiro no longo prazo.

Há uma semelhança aí com bondade.

Existem duas razões para ser gentil com todos:

  • Uma é moral;
  • a outra é estratégia.

Moralmente, você deve fazer isso porque tem empatia.

Estrategicamente, você deve fazer isso porque você não sabe, de fato, com quantas pessoas você pode eventualmente contar para ajudá-lo, e você só terá a cooperação delas se permanecer em suas boas graças.

 

Pensamento multidisciplina – generalista

 

Perguntaram para Morgan Housel, escritor do livro Psicologia Financeira, o que ele aprendeu com o CEO da Markel, Tom Gayner – um dos investidores mais talentosos das últimas décadas. Sua resposta foi que não importava sobre o que estavam falando, Tom sempre tinha uma analogia perfeita com algo totalmente não relacionado.

“Se estivéssemos falando sobre reservas de seguros, Tom diria algo como: “Sabe, isso me lembra aquela cena de A Noviça Rebelde…” Se estivéssemos falando sobre avaliações de mercado, Tom poderia dizer: “É como Winston Churchill costumava dizer…” Em cada caso, a analogia vai direto ao cerne do tópico em questão. Isso é mais do que um mero bate-papo divertido. Acho que Tom é um bom investidor porque entende como o mundo funciona – ligando pontos entre vários campos – o que é muito mais amplo do que apenas entender finanças.

As pessoas que entendem de finanças podem ser inteligentes, mas entender como o mundo funciona exige esperteza.

Muitas pessoas inteligentes ficam isoladas em suas áreas, alheias ao quão interconectado o mundo está.

 

Verdadeiro pensamento independente

 

Kevin Kelly tem a ótima ideia de que você só pensa de forma independente se suas opiniões sobre determinados tópicos não puderem ser previstas a partir de suas opiniões sobre outros tópicos. Muitas opiniões podem ser previstas, porque o verdadeiro pensamento independente é muito raro.

Diga-me sua opinião sobre a imigração e provavelmente poderei adivinhar sua opinião sobre o aborto. Diga-me em quem você votou para presidente e provavelmente poderei adivinhar se você acha que a economia atual é forte ou fraca.

Quando suas opiniões sobre determinados tópicos podem ser previstas a partir de declarações não relacionadas, há uma boa chance de você ter terceirizado parte de seu pensamento para afiliações de grupos.

O verdadeiro pensamento independente é raro porque a maioria das pessoas prefere estar confortável do que certa, e há conforto em saber que você é um membro de boa reputação em sua tribo.

Pensar de forma independente também não significa que você esteja certo, porque a multidão geralmente está bem próxima da precisão. Ir contra a tribo também pode ser interpretado como arrogância – de repente você pode parecer Jimmy Cayne, do Bear Stearns.

Mas o poeta Rudyard Kipling escreve: “Se você consegue conversar com as multidões e manter sua virtude, ou caminhar com os reis, sem perder o toque comum”, você está no caminho da grandeza.

Uma maneira de testar isso é se há pessoas com quem você concorda em alguns tópicos, mas não em outros. Se houver alguém com quem você concorda em todos os tópicos, tome cuidado. Se houver alguém cujas opiniões você discorda sobre qualquer assunto, tenha ainda mais cuidado. Por isso fico doido quando as pessoas não conseguem encontrar quaisquer falhas no seu político favorito ou em seus gurus, de qualquer coisa.

 

Reconhecendo que a melhor história vence.

 

Não é a melhor resposta. Não é a resposta precisa. Não é a resposta que as pessoas precisam ouvir. O vencedor é aquele que faz com que as pessoas prestem atenção e acenem com a cabeça em concordância.

Se você for apenas inteligente, poderá concentrar todos os seus esforços em encontrar a verdade precisa.

Se você for esperto, concentrará o mesmo esforço em transmitir uma mensagem eficaz em torno dessa verdade, percebendo que a verdade mais poderosa não adianta nada se você não conseguir fazer com que as pessoas prestem atenção nela.

Certa vez, um médico me disse que há uma diferença entre um especialista em medicina e um especialista em saúde.

  • Um especialista em medicina conhece todas as respostas certas do livro didático. Eles podem diagnosticar com precisão e estão atualizados sobre todos os tratamentos mais recentes.
  • Um especialista em saúde entende que a medicina do ponto de vista do paciente é intimidante, confusa, cara e demorada. Nada do que você diagnostica ou prescreve importa até que você aborde essa realidade com os pacientes, porque mesmo uma solução perfeita não faz diferença para o paciente que não a segue.

Comunicação é tornar comum.

O que importa é como você comunica o que precisa ser comunicado, de forma que as pessoas entendam.

Uma boa maneira de se tornar um excelente comunicador é escrevendo. É você se tornando hábil em juntar ideias e palavras em um texto coeso.

Seja um bom escritor e um excelente comunicador. Conte histórias

É difícil ensinar isso.

Contar histórias é uma habilidade suave e emocional. Não é encontrado na inteligência. É encontrado na esperteza. E uma vez que você encontra, você começa a cativar pessoas e isso faz toda a diferença para você alcançar o sucesso.

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